Italian Brainrot - Memes que podem afetar o cérebro infantil

Já ouviu falar em Tralalero Tralala, Bombardino Crocodilo ou Ballerina Cappuccina? Não, não são personagens de um novo desenho animado europeu, mas sim parte de uma tendência viral bizarra que está se espalhando pelas redes sociais: o Italian Brainrot.
Essa “moda” nasceu no TikTok e rapidamente conquistou o Instagram, YouTube Shorts e até WhatsApp. O nome vem da união de “italian”, pela estética sonora das vozes usadas, e “brainrot”, uma gíria que significa “apodrecimento cerebral” — e que não foi escolhida à toa.
Personagens malucos que hipnotizam
Imagine um tubarão com três pernas e tênis, uma bailarina com uma xícara de cappuccino no lugar da cabeça ou um camelo com uma geladeira no lombo. Acrescente a isso trilhas repetitivas, vozes robotizadas simulando um “italiano” nonsense e efeitos visuais hipnóticos.
Essa combinação cria vídeos tão estranhos que, ao mesmo tempo que causam riso e curiosidade, também despertam certo incômodo — principalmente entre especialistas em desenvolvimento infantil.
Por que esses memes são tão viciantes?
O segredo está na mistura de estímulos intensos: cores vibrantes, sons repetitivos e personagens fora do comum. Tudo isso atrai fortemente o cérebro em desenvolvimento de crianças e pré-adolescentes, que são naturalmente atraídos por novidades, bizarrices e conteúdos que fogem da realidade comum.
Além disso, o fator social pesa: estar “por dentro” dessa tendência faz com que crianças se sintam parte de um grupo, reforçando a vontade de continuar consumindo — e compartilhando — esses conteúdos.
Mas é só um meme… ou não?
A psicóloga infantil Aymee Paludetto alerta: esses vídeos não são tão inofensivos quanto parecem. O consumo exagerado pode prejudicar a concentração, provocar ansiedade, interferir no sono e até gerar comportamentos agressivos.
Isso acontece porque o cérebro infantil, ainda em formação, é altamente sensível a estímulos exagerados e pouco desenvolve sua capacidade de raciocínio crítico diante de conteúdos absurdos ou violentos, especialmente quando não há mediação de um adulto.
Sintomas de alerta:
Irritabilidade;
Medo excessivo ou ansiedade;
Isolamento social;
Dificuldade de dormir;
Queda no rendimento escolar;
Repetição de frases estranhas ou comportamentos agressivos.
O que os pais podem fazer?
Não é preciso entrar em pânico ou banir a internet de casa, mas a chave está no equilíbrio e na presença ativa. Converse com seu filho, explique que nem tudo que está online é saudável e proponha atividades alternativas, como brincadeiras offline, esportes ou jogos criativos.
Outra dica importante: evite tratar o conteúdo com desprezo ou punições, pois isso pode fazer a criança se fechar ainda mais. Em vez disso, demonstre interesse genuíno pelo que ela está vendo e ofereça alternativas com linguagem próxima, como animações educativas com personagens carismáticos, tipo Daniel Tigre ou Azulado.
Uma curiosidade a mais: a palavra “Brainrot” já virou tendência mundial!
O termo “brainrot” foi eleito Palavra do Ano em 2024 pela Universidade de Oxford, tamanha a sua popularidade no ambiente digital. Ele descreve um efeito real e preocupante: o esgotamento mental causado pelo excesso de conteúdo superficial, repetitivo e sem profundidade — um retrato perfeito do que esses vídeos entregam.
Já imaginou que aquele vídeo engraçadinho e surreal que seu filho vive repetindo pode estar afetando o modo como ele aprende, dorme e até se relaciona?
Na era dos conteúdos gerados por IA, é mais importante do que nunca acompanhar o que entra na cabeça das crianças — e não deixar que o riso fácil custe o desenvolvimento saudável delas.
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