Cometa 3I/ATLAS ficou azul e teve aceleração “turbinada”
O visitante interestelar que mudou de cor e está acelerando
Imagine um cometa vindo de outro sistema estelar, cruzando o espaço a velocidades incríveis, e de repente... mudando de cor.
Foi exatamente isso que aconteceu com o cometa interestelar 3I/ATLAS, um verdadeiro forasteiro cósmico que vem intrigando os astrônomos desde que apareceu nos céus.
Recentemente, observações revelaram que o 3I/ATLAS ficou mais azul e começou a se mover de forma inesperadamente rápida — como se tivesse ganhado um “turbo” misterioso no meio da viagem.
“O cometa mudou de cor e apresentou uma aceleração que não pode ser explicada apenas pela gravidade”, destacam os cientistas responsáveis pelo estudo disponível no servidor arXiv.

Um visitante raro do espaço profundo
O 3I/ATLAS é apenas o terceiro objeto interestelar já detectado em passagem pelo Sistema Solar, depois do famoso ‘Oumuamua e do cometa 2I/Borisov.
Ele foi descoberto em julho por astrônomos do ATLAS, um programa da NASA voltado para monitorar possíveis ameaças de impacto com a Terra.
Mas, ao contrário dos cometas comuns, esse visitante não nasceu por aqui. Ele carrega em seu núcleo pistas sobre a formação de outros sistemas planetários, talvez até fragmentos de matéria mais antiga que o próprio Sol.
Para os cientistas, o 3I/ATLAS pode funcionar como uma cápsula do tempo, preservando elementos das primeiras eras do Universo.

Um brilho misterioso e uma cor que intriga
Enquanto se aproximava do Sol, o cometa passou por transformações surpreendentes.
De acordo com imagens captadas por sondas como STEREO, SOHO e o satélite GOES-19, o 3I/ATLAS ficou mais azul e apresentou um aumento súbito de brilho, chegando a ser visível até mesmo com pequenos telescópios.
Essa mudança indica reações químicas intensas em sua superfície — possivelmente causadas pela liberação de gases e poeira à medida que o calor solar aquece seu núcleo congelado.
É como se o cometa estivesse “acordando” após bilhões de anos adormecido no frio do espaço interestelar.
“Esse aumento de brilho foi muito mais forte do que o visto em cometas da Nuvem de Oort”, observam os pesquisadores.
Aceleração fora do comum
Mas o que mais chamou a atenção foi a aceleração anômala detectada pelos instrumentos da NASA.
O engenheiro Davide Farnocchia, do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), afirmou que o movimento do 3I/ATLAS não pode ser explicado apenas pela gravidade solar.
Isso significa que o cometa está se movendo mais rápido do que deveria — e há boas razões para isso.
Quando o calor do Sol atinge o gelo do núcleo, o material se vaporiza e é ejetado no espaço, criando um empuxo semelhante ao de um foguete natural.
A cada ejeção, o cometa perde um pouco de massa e ganha impulso, o que pode explicar a “turbinada” observada.
Os cálculos indicam que o 3I/ATLAS pode perder até 10% de sua massa total em poucos meses, gerando uma pluma de gás que poderá ser estudada pela sonda europeia JUICE ainda neste mês.
E se fosse uma nave alienígena?
Durante o período em que o cometa ficou oculto atrás do Sol, o renomado astrônomo Avi Loeb, de Harvard, voltou a sugerir uma hipótese ousada: e se o 3I/ATLAS fosse uma sonda alienígena?
A ideia gerou repercussão, mas foi rapidamente descartada pela comunidade científica.
Ainda assim, o mistério em torno do comportamento do objeto alimenta a imaginação de quem busca vida inteligente fora da Terra.
“Mesmo sem provas de origem artificial, o 3I/ATLAS é uma janela única para o que existe além do nosso Sistema Solar”, afirmou um pesquisador do programa SETI.
O cometa pode revelar segredos do Universo
Os astrônomos aguardam ansiosamente o retorno da visibilidade do cometa nas próximas semanas.
Se as previsões se confirmarem, ele pode reaparecer ainda mais brilhante — resultado da intensa liberação de gases e poeira após sua passagem próxima ao Sol.
Por outro lado, o comportamento é imprevisível: o brilho pode estabilizar ou desaparecer rapidamente, dependendo de como o núcleo reagiu ao calor extremo.
Uma coisa é certa: o 3I/ATLAS já entrou para a história da astronomia moderna.
Cada nova observação é uma peça do quebra-cabeça cósmico que ajuda a entender como os cometas se formam, viajam e interagem com as estrelas — e, talvez, como o próprio Universo começou.
“O 3I/ATLAS não é apenas um visitante passageiro. Ele é um mensageiro do passado, cruzando o espaço para contar a história da criação cósmica.”
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