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Aparecida,20/12/2025

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Junior Vilela

Um tapa na cara do eleitor: deputados goianos aprovam PEC para se autopremiar

Assembleia de Goiás aprova PEC que permite deputados assumirem cargos em secretarias sem perder mandato. Entenda por que isso é um golpe na confiança do eleitor.


Um tapa na cara do eleitor: deputados goianos aprovam PEC para se autopremiar

Assembleia de Goiás aprova PEC que permite deputados assumirem cargos em secretarias sem perder mandato. Entenda por que isso é um golpe na confiança do eleitor.

A política goiana conseguiu se superar mais uma vez. A Assembleia Legislativa de Goiás aprovou, sem nenhum voto contrário, uma proposta de emenda à Constituição que autoriza deputados estaduais a se licenciarem para assumir cargos em secretarias municipais, estaduais ou federais — e, mesmo assim, manterem o mandato.

A justificativa do autor, deputado Karlos Cabral (PSB), soa bonita no papel. Ele diz que a medida busca “fortalecer a governabilidade”, “promover o desenvolvimento social e econômico dos municípios” e “garantir decisões alinhadas ao interesse público”. Mas, na prática, o que se vê é a criação de mais um atalho político. Uma brecha que permite aos parlamentares ampliar o próprio poder, multiplicar cargos e continuar influentes em diferentes esferas, sem correr o risco de perder a cadeira conquistada nas urnas.

É o tipo de jogada que, travestida de modernização institucional, acaba servindo ao jogo da conveniência. Ao permitir que deputados assumam cargos no Executivo e mantenham o mandato, a PEC transforma o equilíbrio entre poderes em algo flexível, moldado de acordo com os interesses de quem está dentro do sistema.

Nenhum voto contrário. Nenhum questionamento público relevante. Nenhum sinal de desconforto com o que essa aprovação representa. Isso talvez seja o mais preocupante. Porque quando todos concordam com algo que claramente beneficia a própria classe política, quem está sendo realmente representado?

O eleitor, mais uma vez, ficou de fora da equação. Enquanto discursos falam em governabilidade, o que se pratica é a velha política de autoproteção. A mesma que, de tempos em tempos, dá um tapa na cara da sociedade e ainda espera aplausos.

Aprovada em 16 de outubro na Alego, essa PEC é mais do que uma mudança administrativa. É um retrato fiel do distanciamento entre o que se promete em campanha e o que se entrega no poder.

Talvez seja hora de lembrar que a verdadeira governabilidade nasce da confiança, e não da conveniência.



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