Junior Vilela
O risco da busca incessante por conteúdos virais na comunicação política digital
Quando o marketing político troca a seriedade pelo espetáculo
O perigo da obsessão por conteúdos virais na comunicação política digital
Nos últimos anos a comunicação política migrou de forma intensa para o ambiente digital. As redes sociais se transformaram em palco de disputas narrativas em que muitas vezes prevalece quem consegue mais atenção e não quem entrega mais resultado para a sociedade. Nesse contexto surge uma corrida desenfreada de políticos em busca de conteúdos virais sem o devido filtro entre o que é necessário e o que beira o ridículo.
A lógica do algoritmo e o apelo ao entretenimento
O algoritmo das plataformas privilegia engajamento. O problema é que engajamento não é sinônimo de qualidade. Danças ensaiadas, vídeos cômicos e frases de efeito podem gerar curtidas e compartilhamentos, mas dificilmente constroem credibilidade política. Quando a comunicação se banaliza o político corre o risco de transformar seu mandato em um show de variedades em vez de uma ferramenta de prestação de contas.
O custo de afastar conteúdos sérios
Ao gastar tempo e orçamento somente em entretenimento, muitos gestores deixam de produzir conteúdos que realmente validam a gestão. Relatórios de entregas, dados de impacto social e informações sobre políticas públicas ficam em segundo plano. Essa ausência enfraquece a relação com o eleitor mais atento e pode gerar desgaste no médio e longo prazo.
Quando a comunicação política se reduz a memes e desafios, perde a função de informar, dar transparência e reforçar a credibilidade do mandato.
Tráfego pago como aliado estratégico
No tráfego pago esse problema fica ainda mais evidente. Recursos que poderiam segmentar públicos e ampliar mensagens consistentes acabam usados para dar alcance a conteúdos vazios. O resultado é desperdício de verba e risco reputacional.
Se bem utilizado o tráfego pago é aliado estratégico. Ele pode levar relatórios de gestão a públicos específicos, destacar entregas em determinadas regiões e dar visibilidade a políticas públicas de forma clara e mensurável.
O equilíbrio entre o viral e o necessário
Isso não significa abandonar o conteúdo leve ou divertido. Ele pode humanizar a figura pública. O ponto central está no equilíbrio. É preciso saber diferenciar o que aproxima o político do cidadão daquilo que apenas o transforma em piada passageira.
Dica
A comunicação política digital não deve se resumir a correr atrás da próxima dancinha ou do meme da semana. Estratégia é fundamental. Conteúdos virais podem ter espaço, mas não devem substituir a comunicação séria que valida e presta contas do mandato.
O político que encontrar esse equilíbrio e alinhar o tráfego pago com credibilidade institucional não terá apenas engajamento, mas também confiança. E na política confiança é o ativo mais valioso.
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