Usar TikTok pode causar declínio cognitivo e névoa mental
O perigo escondido na rolagem infinita do TikTok
Você já se pegou rolando o feed do TikTok por “cinco minutinhos” e, quando percebeu, uma hora havia passado?
Pois é. Essa sensação de perder a noção do tempo não é coincidência, é resultado de um mecanismo cuidadosamente projetado para manter você preso na tela.
O TikTok é mais do que um simples aplicativo de vídeos curtos: ele é uma máquina de dopamina. Cada novo vídeo libera pequenas doses desse hormônio do prazer, criando uma sensação instantânea de recompensa. Mas o problema é que essa satisfação é passageira, e quanto mais você assiste, mais quer continuar assistindo.
“É muito mais um efeito emocional do que cognitivo. A dopamina é liberada sem que haja esforço mental, o que cria uma falsa sensação de gratificação”, explica o neurologista Delson José da Silva, presidente da Academia Brasileira de Neurologia (ABN).

Como a rolagem infinita “hackeia” o cérebro
Os vídeos do TikTok são rápidos, coloridos, cheios de sons e edições aceleradas. Tudo é pensado para capturar sua atenção em segundos — e mantê-la ali. Segundo estudos recentes, essa exposição constante a estímulos intensos pode causar declínio cognitivo, névoa mental e dificuldade de concentração, principalmente entre os mais jovens.
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) revelou que o TikTok é o aplicativo mais popular entre crianças e adolescentes de 9 a 17 anos. Entre os de 11 a 12 anos, quase metade (48%) o elege como favorito, superando Instagram e Facebook juntos.
“O consumo exagerado e rápido faz com que o cérebro funcione em várias tarefas ao mesmo tempo, prejudicando o foco e o planejamento mental”, alerta o Dr. Delson.
O impacto na geração TikTok
De acordo com o neurologista, o cérebro das crianças é mais “limpo”, ou seja, ainda em formação. Quando submetido a uma enxurrada de estímulos visuais e auditivos, esse desenvolvimento pode ser comprometido.
Além disso, há registros do aumento de tiques nervosos e transtornos de movimento relacionados à exposição prolongada à plataforma.
Ou seja, o vício digital não afeta apenas o comportamento, mas também o funcionamento neurológico.

Por que o TikTok é tão viciante
A psicóloga Lidiane Passarinho explica que o TikTok foi projetado para ser altamente viciante.
A rolagem infinita é o principal “gancho”: ao nunca chegar ao fim, o cérebro fica preso em um ciclo de expectativa e recompensa, esperando sempre o próximo vídeo que trará prazer.
“Diminuir o tempo no aplicativo e substituí-lo por atividades prazerosas, como leitura ou exercícios, ajuda o cérebro a receber dopamina de formas mais saudáveis”, orienta a especialista.
O que dizem as pesquisas
Um levantamento da Qustodio, plataforma de controle parental, revelou que crianças e adolescentes passam em média 107 minutos por dia no TikTok,
quase duas horas diárias.
Essa exposição é preocupante não apenas pelo tempo, mas também pelo conteúdo nocivo que pode escapar dos filtros da rede, incluindo desafios perigosos, incentivo a comportamentos de risco e até teor sexual.
O cenário acende um alerta para pais e educadores: controlar o tempo de tela e oferecer alternativas saudáveis é essencial para evitar consequências a longo prazo.
“O prazer rápido pode estar custando caro: nossa capacidade de foco, memória e até empatia estão sendo drenadas pela rolagem infinita”, conclui o neurologista.
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