O último acorde de Lô Borges, ícone do Clube da Esquina
Imagine uma esquina comum de Belo Horizonte, onde amigos se reuniam para tocar violão, escrever versos e sonhar com um novo som. Foi ali, entre cafés, acordes e risadas, que nasceu o Clube da Esquina, um dos movimentos mais importantes da música brasileira.
Naquele cenário mineiro de tardes ensolaradas, um jovem chamado Lô Borges começou a transformar sensações em canções. Décadas depois, o Brasil se despede desse talento singular, que partiu aos 73 anos, vítima de falência múltipla de órgãos.
“Um girassol da cor do seu cabelo…” versos que atravessaram gerações e que agora ecoam como uma despedida emocionada.
Internado desde 17 de outubro por intoxicação medicamentosa, Lô Borges faleceu em Belo Horizonte na noite de 2 de novembro de 2025, segundo informou a assessoria da Unimed. O cantor chegou a passar por traqueostomia, mas o quadro se agravou nos últimos dias. Ele deixa o filho Luca Arroyo Borges, de 27 anos.

🌻 Quem foi Lô Borges, o poeta do Clube da Esquina
Nascido em 10 de janeiro de 1952, em Belo Horizonte, Salomão Borges Filho cresceu em uma família repleta de músicos. Irmão de Márcio Borges, Marilton e Telo Borges, ele foi uma das peças-chave na criação da sonoridade mineira que revolucionou a MPB.
Com apenas 20 anos, Lô lançou dois álbuns que se tornaram marcos da história da música: “Clube da Esquina” (em parceria com Milton Nascimento) e seu primeiro disco solo, conhecido como o “disco do tênis”, por causa da icônica capa fotografada por Cafi.
Entre suas composições mais conhecidas estão “O Trem Azul”, “Tudo Que Você Podia Ser”, “Feira Moderna”, “Paisagem da Janela” e “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”; canções que até hoje fazem parte da memória afetiva de milhões de brasileiros.

🎶 Um legado que atravessou gerações
Durante sua trajetória, Lô Borges foi gravado por nomes como Milton Nascimento, Elis Regina, Tom Jobim, Nando Reis e Caetano Veloso. Em 2022, quando completou 50 anos de carreira, o artista foi homenageado em um concerto histórico com a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, que apresentou arranjos sinfônicos de suas canções.
“A música de Lô é como o horizonte mineiro: serena, profunda e infinita.”
Nos últimos anos, Lô mantinha uma agenda intensa de shows e lançamentos. Desde 2019, ele lançava um disco autoral por ano. Seu último trabalho, “Céu de Giz”, com letras de Zeca Baleiro, chegou às plataformas em agosto de 2025.

🌄 Uma despedida, mas não um fim
Em maio deste ano, Lô surpreendeu fãs com um show gratuito na esquina onde tudo começou, no bairro Santa Tereza, em Belo Horizonte. O mesmo local que inspirou o nome do movimento agora se torna um ponto de saudade e reverência.
A partida de Lô Borges encerra um ciclo, mas deixa uma herança musical que permanecerá viva enquanto houver quem cante sobre amor, amizade e liberdade.
Porque o som do Clube da Esquina nunca se calará, apenas muda de forma e continua a tocar, em algum lugar do horizonte mineiro ou do Brasil.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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