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Aparecida,20/12/2025

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Na Finlândia, multas de trânsito são mais caras para ricos

jaimaginouisso.com.br
Na Finlândia, multas de trânsito são mais caras para ricos

Já imaginou receber uma multa que realmente pesa no bolso?


Imagine ser parado por excesso de velocidade e descobrir que o valor da multa não depende apenas da infração, mas da sua renda mensal. Agora imagine que, por causa disso, a penalidade chegue a mais de US$ 140 mil. Parece exagero? Na Finlândia, essa situação é absolutamente real e faz parte de um sistema pensado para que a punição tenha o mesmo impacto para qualquer cidadão, seja ele um trabalhador comum ou um milionário.


Enquanto em grande parte do mundo as multas de trânsito têm valores fixos, no país nórdico essa lógica simplesmente não existe. Lá, a infração não é medida apenas em quilômetros por hora acima do limite, mas também em capacidade financeira. A ideia é simples e, ao mesmo tempo, provocadora: se a multa não dói no bolso, ela deixa de cumprir seu papel educativo.



“Uma punição só funciona quando gera impacto real, independentemente da conta bancária.”



Se a multa não dói no bolso, ela deixa de cumprir seu papel educativo
Se a multa não dói no bolso, ela deixa de cumprir seu papel educativo


 


Como funciona o sistema de multa diária na Finlândia?


A base do modelo finlandês é o chamado sistema de multa diária, conhecido como day-fine system. Em vez de estipular um valor fixo em euros, a lei define quantas unidades de multa cada infração representa. Quanto mais grave o excesso de velocidade ou o delito, maior o número de unidades aplicadas.


Depois disso, entra o fator que torna o sistema tão singular. Cada unidade de multa é calculada a partir da renda líquida diária do infrator. O governo utiliza dados fiscais oficiais, não estimativas ou declarações informais. Quanto maior a renda, maior será o valor de cada unidade. O resultado é que duas pessoas flagradas na mesma velocidade podem pagar valores completamente diferentes.


Esse mecanismo garante que a penalidade seja proporcional ao padrão de vida do motorista, evitando que multas se tornem irrelevantes para quem tem muito dinheiro.


Quando uma multa vira manchete no mundo inteiro


O sistema finlandês ganhou fama internacional quando casos extremos começaram a surgir na imprensa. Um dos mais emblemáticos ocorreu no início dos anos 2000, quando um empresário finlandês foi multado em cerca de 116 mil euros, valor que ultrapassava US$ 140 mil na cotação da época, por excesso de velocidade.


A infração em si não era algo fora do comum. O valor astronômico veio exclusivamente do fato de o motorista possuir uma renda muito elevada, o que fez com que cada unidade de multa tivesse um custo altíssimo. Desde então, outros empresários, herdeiros e executivos passaram por situações semelhantes, sempre seguindo exatamente o mesmo critério legal.



Na Finlândia, não existe multa simbólica para quem pode pagar qualquer valor.



Se a multa não dói no bolso, ela deixa de cumprir seu papel educativo
Na Finlândia, não existe multa simbólica para quem pode pagar qualquer valor


 


Por que os finlandeses não veem o sistema como injusto?


Para muitos estrangeiros, a ideia parece exagerada ou até punitiva demais. Dentro da Finlândia, porém, o entendimento é outro. O sistema é amplamente aceito porque promove um senso de justiça proporcional. Uma multa de 200 euros pode ser devastadora para alguém de baixa renda e totalmente irrelevante para alguém muito rico.


Ao ajustar o valor à renda, o Estado garante que a punição realmente funcione como desestímulo, independentemente da condição financeira. Por isso, o modelo não gera grandes controvérsias internas e é visto como coerente com a visão de igualdade social do país.


O modelo vai além do trânsito


Embora fique famoso pelas multas de trânsito, o sistema de multa diária também pode ser aplicado a outros delitos menores, especialmente infrações econômicas. A lógica permanece a mesma: a sanção precisa causar impacto proporcional e não pode ser neutralizada pelo poder financeiro do infrator.


Esse conceito faz parte de uma visão mais ampla de justiça adotada pelos países nórdicos, onde igualdade não significa tratar todos de forma idêntica, mas sim de maneira equivalente em impacto.


O contraste com outros países chama atenção


Em países como o Brasil, multas têm valores fixos que variam apenas conforme a infração. Isso cria um cenário em que motoristas muito ricos podem reincidir sem grandes consequências, já que o custo não representa um obstáculo real.


Na Finlândia, o efeito é o oposto. Quanto maior a renda, maior o risco financeiro de desrespeitar a lei. Esse fator ajuda a explicar os altos índices de respeito às regras de trânsito e os baixos níveis de reincidência entre motoristas de alta renda.


Quanto maior a renda, maior o risco financeiro de desrespeitar a lei
Quanto maior a renda, maior o risco financeiro de desrespeitar a lei


 


Quando a lei ignora o carro e observa a renda


Na Finlândia, dirigir rápido demais pode custar o equivalente a um carro de luxo, dependendo de quem está ao volante. O sistema deixa claro que ninguém está acima das regras e que a punição não foi feita para ser simbólica, mas para funcionar de verdade.


Enquanto em boa parte do mundo multas são apenas um pequeno incômodo para quem tem dinheiro, na Finlândia elas continuam sendo um problema sério para qualquer bolso. Talvez seja exatamente por isso que esse modelo continue despertando tanta curiosidade e debate fora do país.




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