Já imaginou assistir Reels na TV da sala? Logo será possível
Já imaginou assistir vídeos verticais sentado no sofá?
Durante muito tempo, o vídeo vertical foi tratado como um formato improvisado, quase um acidente da era dos smartphones. Algo rápido, informal e feito para telas pequenas. Mas essa ideia ficou para trás. Com o lançamento de um aplicativo oficial do Instagram para televisões, o formato que nasceu no celular agora ocupa um espaço que parecia improvável: a tela da sala.
A novidade começa pelos dispositivos Fire TV da Amazon, incluindo o Fire TV Stick e televisores com o sistema integrado. O aplicativo, desenvolvido pela Meta, faz parte de um programa piloto, mas já deixa clara a intenção da empresa. O vídeo vertical não é mais um recurso limitado ao smartphone. Ele passa a ser tratado como linguagem universal.
O que antes parecia não fazer sentido agora se apresenta como inevitável.

Reels no centro da experiência da TV
O aplicativo do Instagram para TVs é quase totalmente dedicado aos Reels. Não há feed tradicional, stories ou publicações estáticas. O foco é o vídeo curto, vertical e contínuo, exatamente como no celular, mas adaptado para uma tela grande.
Como era de se esperar, os vídeos não ocupam toda a tela. Eles aparecem centralizados, com faixas laterais que exibem informações como curtidas, comentários e descrições. Em vez do gesto de deslizar o dedo, a navegação acontece por meio do controle remoto.
A interface também muda. No lugar de um feed infinito, a versão para TV organiza os Reels em “canais” temáticos, reunindo tendências, assuntos específicos e conteúdos recomendados. Ainda assim, o algoritmo segue presente, sugerindo vídeos com base no comportamento do usuário e no que está em alta.
Por que o Instagram decidiu fazer isso agora?
A resposta está nos números. Os Reels se tornaram o principal motor de crescimento do Instagram, que recentemente ultrapassou a marca de três bilhões de usuários no mundo. A Meta afirma que recebe relatos frequentes de pessoas que já assistem a vídeos curtos espelhando o celular na TV, especialmente em momentos sociais.
Criar um aplicativo dedicado para televisões seria, portanto, uma forma de oficializar esse comportamento. Mas o movimento vai além da conveniência. Ele sinaliza uma tentativa clara de consolidar o vídeo vertical como formato dominante, independentemente do dispositivo.
O domínio absoluto do vídeo curto
O Instagram não está sozinho nessa aposta. O TikTok, baseado exclusivamente em vídeos verticais, já soma cerca de 1,8 bilhão de usuários ativos. O YouTube Shorts, por sua vez, alcança aproximadamente dois bilhões de espectadores, impulsionado pela força da plataforma tradicional.
Pesquisas recentes mostram que o consumo de vídeos curtos se tornou parte da rotina diária. Mais de 70% das pessoas assistem a esse tipo de conteúdo várias vezes ao dia. O formato atende perfeitamente a um comportamento fragmentado, rápido e contínuo, típico da vida digital atual.
O vídeo curto não é uma moda. Ele se tornou o ritmo natural da internet.

Mas a TV não funciona como o celular
Apesar de todo esse crescimento, existe um ponto de tensão nessa transição. A maioria esmagadora das pessoas ainda consome vídeos curtos no smartphone. Pouquíssimos usuários dizem assistir a esse tipo de conteúdo diretamente na TV.
Isso acontece porque o vídeo curto foi pensado para interações rápidas. Abrir o aplicativo, assistir alguns clipes, fechar e seguir o dia. Tudo isso combina com o toque, o deslizar e a mobilidade do celular. Na TV, a experiência muda completamente.
Ligar o aparelho, pegar o controle remoto e navegar com botões exige um nível de atenção que o próprio formato nunca pediu. O consumo deixa de ser casual e passa a competir com filmes, séries e programas longos.
Um experimento que fala mais sobre o futuro
É difícil imaginar pessoas se reunindo para maratonar Reels como se fossem episódios de uma série. Ainda assim, o lançamento do Instagram para TVs tem um peso simbólico enorme. Ele mostra que o vídeo vertical venceu uma disputa cultural silenciosa.
O formato deixou de ser alternativo e passou a ser tratado como padrão. Não importa se a tela é pequena ou gigante. A linguagem é a mesma.

A normalização total do vídeo vertical
O aplicativo do Instagram para TVs pode não se tornar um hábito dominante tão cedo. Mas ele marca um ponto de não retorno. As plataformas estão testando até onde conseguem levar o vídeo vertical, mesmo em ambientes onde ele parece deslocado.
Se essa experiência vai se consolidar ou não, o tempo dirá. O que já está claro é que o futuro do vídeo online será cada vez menos horizontal. Mesmo quando exibido em telas feitas exatamente para isso.
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