Foguete sul-coreano explode em lançamento no Brasil
Um lançamento histórico que terminou em chamas
Por alguns segundos, tudo parecia seguir o roteiro planejado. O foguete sul-coreano HANBIT-Nano deixou a plataforma de lançamento no Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, iluminando o céu noturno e marcando uma tentativa inédita: colocar um foguete orbital em órbita a partir do território brasileiro. Mas a promessa de um novo capítulo na história espacial do país foi interrompida de forma abrupta.
Pouco após a decolagem, uma intensa nuvem de fogo envolveu o veículo. O foguete explodiu e acabou colidindo com o solo, frustrando a missão realizada na noite desta segunda-feira, dia 22. O episódio rapidamente chamou a atenção internacional e levantou questionamentos sobre segurança, tecnologia e o futuro das parcerias espaciais no Brasil.
No setor espacial, falhar faz parte do caminho para acertar.

O que aconteceu com o foguete HANBIT-Nano?
Segundo a Força Aérea Brasileira, responsável pela coordenação da operação, o lançamento começou conforme o esperado. Após a saída da plataforma, o veículo iniciou sua trajetória normalmente. No entanto, uma anomalia técnica ocorreu ainda nos primeiros instantes do voo, fazendo com que o foguete perdesse estabilidade e colidisse com o solo.
A FAB informou que equipes do Corpo de Bombeiros e técnicos da base foram imediatamente enviadas ao local para analisar os destroços e avaliar a área de impacto. Não houve registro de feridos, e todos os protocolos de segurança foram executados conforme os padrões internacionais da indústria espacial.
A empresa sul-coreana responsável pelo foguete confirmou que houve uma anomalia durante o voo e afirmou que os dados coletados serão fundamentais para entender as causas da falha.

Por que falhas em lançamentos são comuns?
Explosões e falhas em testes não são raridade no setor aeroespacial, especialmente quando se trata de veículos novos. Foguetes envolvem sistemas extremamente complexos, operando sob condições extremas de pressão, temperatura e vibração.
Mesmo empresas consolidadas, como SpaceX, enfrentaram múltiplas explosões antes de alcançar lançamentos bem-sucedidos. No caso do HANBIT-Nano, tratava-se de uma missão de estreia em um novo ambiente operacional, o que aumenta naturalmente o risco.
Cada lançamento falho carrega dados valiosos para o próximo acerto.
O que é o foguete HANBIT-Nano?
O HANBIT-Nano é um foguete lançador orbital de dois estágios, projetado para colocar cargas de até 90 quilos em órbita baixa, a cerca de 500 quilômetros de altitude. Ele faz parte de uma nova geração de foguetes de pequeno porte, voltados para missões mais rápidas, econômicas e flexíveis, como o lançamento de microssatélites.
Com quase 22 metros de altura e 1,4 metro de diâmetro, o projeto envolveu mais de 240 profissionais, incluindo mais de 100 engenheiros diretamente ligados às áreas de pesquisa e desenvolvimento. A proposta é atender à crescente demanda global por lançamentos frequentes e de menor custo.

Alcântara e o sonho espacial brasileiro
Apesar do desfecho frustrante, o lançamento representou um marco importante. Foi a primeira tentativa de colocar um foguete orbital em órbita a partir do Brasil desde 1999. O Centro de Lançamento de Alcântara é considerado um dos melhores do mundo devido à sua proximidade com a linha do Equador, o que reduz o consumo de combustível e aumenta a eficiência dos lançamentos.
A história espacial brasileira, no entanto, carrega cicatrizes. Em 2003, uma explosão ainda em solo matou 21 pessoas e paralisou as atividades do programa espacial por anos. Desde então, cada avanço é tratado com cautela, mas também com expectativa.

Adiamentos antes da tentativa final
O lançamento do HANBIT-Nano já havia sido adiado três vezes. Inicialmente previsto para novembro, foi postergado após a identificação de falhas intermitentes em sistemas de aviônicos. Novas datas foram canceladas devido a problemas em válvulas, sistemas de resfriamento e abastecimento de metano líquido.
Esses adiamentos, segundo especialistas, mostram justamente o cuidado adotado pelas equipes para evitar riscos maiores. Ainda assim, nem todas as falhas podem ser previstas em solo.
Fracasso técnico ou avanço estratégico?
Embora o foguete não tenha cumprido sua missão, especialistas apontam que o episódio não deve ser encarado como um retrocesso. O Brasil demonstrou capacidade de sediar lançamentos orbitais comerciais, operar dentro de padrões internacionais e atrair parcerias privadas no setor espacial.
Os dados coletados durante a tentativa serão analisados e podem contribuir para missões futuras, tanto da empresa sul-coreana quanto de novos projetos envolvendo o território brasileiro.
O caminho para o espaço raramente é linear. Mas cada tentativa aproxima o país de um lugar mais relevante na nova corrida espacial global.
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